quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Setembro Amarelo: Precisamos falar sobre Suicídio

Infelizmente o suicídio ainda é um tabu, e não devia ser. Este é o setembro amarelo: mês da prevenção ao suicídio.

Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, a cada 35 segundos, uma pessoa comete suicídio no mundo. No Brasil, uma pessoa comete suicídio a cada hora. No Japão, a cada 15 minutos. Curioso pensar por esse lado, não é? O suicídio parece um problema distante até que ele se torne uma opção ou aconteça bem próximo a você. E se os números são esses, no mundo todo, por que esse assunto está fora da mídia? Por que ninguém discute? Por que tratam o suicídio como tabu? Não há dúvidas que é preciso um cuidado enorme ao falar do assunto.

Quando Marilyn Monroe faleceu e foi atribuído a ela o rótulo de suicida, vários casos de suicídio de maneira similar ocorreram durante os dias que se seguiram. Mas não é possível prevenir suicídio sem informação. Prevenção sem informação não existe, e isso serve para várias áreas. É preciso cuidado ao falar de suicídio, mas é preciso falar da prevenção também. Há mais morte por suicídios do que morte em guerras, e nos preocupamos tanto com os soldados, que nos esquecemos das pessoas que gritam por socorro e não sabem mais o que fazer com a própria vida, chegando a darem um fim a ela como única chance de paz.
Quem nunca passou por momentos de tristeza, fragilidade, solidão? Todo mundo! Mas, há pessoas que possuem mais dificuldades nesse tipo de situação. Culpá-las ou julgá-las não vai trazer de volta a vontade de viver. Se a pessoa comete suicídio, fica a pergunta “o que devíamos ter feito?”.

A existência de um transtorno mental é um forte fator de risco para o suicídio. O suicida, naquele momento, passa por problemas muito sérios pelo menos, nem que sejam perceptíveis apenas na mente dele. Ninguém ver, não torna o sofrimento alheio menor não. Sofrimento é sofrimento. Ninguém se suicida por que está feliz. O suicida é um ser humano que precisa mais do que qualquer outra pessoa de alguém que diga “eu estou com você e não vou desistir de ti”. É bom lembrar que a pessoa já está no fundo do poço e precisa de um ponto de apoio mais sólido que as outras pessoas. Afinal, não é fácil ficar por muito tempo no fundo do poço também. Ninguém quer isso.

O diálogo e a paciência são fundamentais para ajudar a pessoa que está aflita e crê que um fim na própria vida é a solução. É preciso muita coragem e humildade pra reconhecer que se tem um problema, porque é muito mais fácil achar que o problema são os outros.

Diante do desespero, tomam medidas drásticas. Pulam de prédios, pontes. Bebem veneno. Enforcam-se. Tomam toneladas de remédios misturados. Usam armas de fogo. Cortam os pulsos. Alguns planejam por meses a melhor maneira de partir desse mundo. Mas, são muitos os que ficam após tentativas frustradas também.

Inseguranças, período de carência, solidão, fracassos pessoais, perdas… tudo é motivo para a pessoa deprimida querer dar um fim à própria vida. Por isso mesmo é preciso muita empatia, muita compreensão antes de querer dar uma lição de moral e tentar fazer a pessoa enxergar o mundo com as suas lentes: porque ela não vai. Há o pensamento fixo, não é possível olhar outro ponto de vista, há uma rigidez de pensamento. Às vezes, a pessoa passa cada dia da vida planejando a melhor forma de se matar.

“Cão que ladra não morde” não é uma frase que combina com o assunto “suicídio”, porque quem já tentou alguma vez apresenta 30% de chances de ter outras tentativas e 90% de quem tenta, já avisou antes. Preste atenção nos sinais.

Ao deixar de falar, aumentamos o risco, porque dessa maneira, a pessoa se sente exilada nos próprios pensamentos. Falar a respeito alivia, dá uma nova perspectiva para a pessoa que está sofrendo. Ajude a pessoa a lidar com esses pensamentos terríveis que a assolam.

Autora: Ju Umbelino
Fonte: Contioutra

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